Sumidouro já pertenceu a Nova Friburgo durante algumas décadas no século 19. Durante o período de sua maior prosperidade econômica, proporcionada pela produção do café, era uma freguesia de Nova Friburgo denominada de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer. O plantio do café associado ao uso do trabalho escravo de africanos gerou a riqueza de vários fazendeiros nessa região, alguns adquirindo títulos nobiliárquicos. Os sobrados do período do Império localizados em Sumidouro são o testemunho dessa época de opulência e de vigor econômico. Sumidouro possui áreas montanhosas com altitude que chegam a 1.300 metros de altura, magníficos vales por onde corre o majestoso Rio Paquequer e seus afluentes. Sua economia é essencialmente agrícola e boa parte da população vive na área rural. A agricultura e a pecuária distribuem-se pelo município de acordo com a sua geografia. O município é dividido em “terras quentes” e “terras frias”. Há maior produção agrícola nas regiões mais elevadas e de clima mais frio. Já nas áreas mais próximas do nível do mar predomina a pecuária. Quem percorre o município de Sumidouro percebe ao cruzar as áreas da região serrana e do Vale do Paraíba uma vasta exploração agrícola e uma estrutura agrária baseada na pequena propriedade.
Sumidouro é um município que conheceu grande prosperidade no século 19, como dito antes, período em que era freguesia de Nova Friburgo. Entre todas as freguesias de Nova Friburgo nos parece ter sido a mais próspera, seguida pela freguesia de São José do Ribeirão. O cultivo do café e secundariamente da cana-de-açúcar representam o período de sua maior expressão econômica no Segundo Reinado. Mesmo com o problema da falta de mão de obra provocada pelo fim da escravidão, a produção de café, até a crise de 1929, ainda representava a atividade econômica de Sumidouro. Igualmente a produção de açúcar e de rapadura permaneceria em pequenos engenhos, alguns deles de propriedade de colonos italianos e suíços. Depois da crise do café, Sumidouro vive uma nova fase econômica na produção agrícola. A partir de 1940, tem início a produção de hortaliças, legumes e flores, base de sua economia até hoje. A evolução político-administrativa do município de Sumidouro passa por diversas fases. Em princípios do século 19 pertencia a Cantagalo. De Curato, o povoado é elevado, em 1843, a categoria de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer e passa a pertencer a Nova Friburgo. A região era tão próspera e disputada que Nova Friburgo perdeu-a para o município de Magé, três anos depois. Porém, em 1848, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer volta a pertencer a Nova Friburgo. Essa freguesia ficará ligada a Nova Friburgo até o ano de 1881, quando será incorporada ao município do Carmo. Em 1890, a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer desmembra-se do Carmo, ganha status de município e passa a denominar-se Sumidouro. Dois anos depois sofre uma perseguição política e fica suprimido o município de Sumidouro, sendo literalmente retalhado. Uma parte de Sumidouro passa pertencer ao Carmo, outra a Duas Barras e uma terceira a Sapucaia. No entanto, no mesmo ano, em 1892, fica restabelecido o município de Sumidouro com todo o seu território. Não sabemos ainda como determinar em termos numéricos, mas a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer nos parece ter sido a mais produtiva de Nova Friburgo. Percorrendo as antigas fazendas dessa região, que hoje é Sumidouro, nos conduz a tal conclusão. Os antigos sobrados do tempo do Império são testemunho do vigor econômico dessa freguesia, que nesse período, pertencia a Nova Friburgo.
Iniciando a trajetória de conhecer essa história esquecida de Nova Friburgo fui até a Fazenda Santa Cruz, uma das maiores unidades de produção de café da antiga freguesia, que pertenceu a poderosa família Jordão. A família Jordão fez alguns investimentos na vila de Nova Friburgo. Entre eles, a aquisição do teatro D. Eugênia da sociedade musical Campesina, ainda inacabado. A Fazenda Santa Cruz produz cachaça, eventualmente açúcar, mas percebemos pelo pessoal empregado que a venda desses produtos apenas cobre o custo para mantê-la. O proprietário não vive dessa atividade econômica e é uma daquelas pessoas que tem prazer em investir em fazendas históricas. A restauração que vem fazendo no sobrado é prova disso. O fim da escravidão associado a falta de adubação da terra, diminuindo a produtividade dos cafeeiros, provocou a bancarrota de muitos fazendeiros dessa região. Ainda assim, até a década 40, do século vinte, algumas fazendas ainda produziam café. No entanto, desde o fim da escravidão, a falta da mão de obra passou a ser um problema nessa região. A Fazenda Santa Cruz recebeu colonos portugueses e italianos. Percebemos nas entrevistas que fizemos em Sumidouro que esses colonos assim que juntavam algumas economias adquiriam uma pequena propriedade, abandonando as grandes unidades de produção. Em decorrência da falta de mão de obra, os fazendeiros ou migraram para a pecuária, que demanda menos mão de obra, ou adotaram o sistema de arrendamento ou parceria, que prevalece até hoje. A fabricação de açúcar foi uma atividade econômica que percebemos em pequenos proprietários rurais em Sumidouro. No entanto, alguns produziam cachaça. Os que se dedicaram a essa atividade vem criando na região uma imagem de produzir uma boa cachaça, a exemplo da cachaça Sinhá Brasil, de Sumidouro e da premiada Cachaça da Quinta, da cidade vizinha do Carmo, que recebeu o prêmio máximo do Concours Mondial Spirits Selection, espécie de Oscar dos destilados. A cachaça virou produto de exportação e algumas marcas ganharam status de “gourmet”.
Em 2013, o governo norte-americano reconheceu: para se chamar cachaça, só se for do Brasil. A cachaça entrou para o grupo seleto das bebidas “de origem”, cujos nomes são obrigatoriamente associados à sua região de origem, a exemplo do champanhe, do conhaque, do saquê e da tequila. O censo de 1872 traz o único registro oficial da população escrava nacional. Nessa ocasião, haviam no país 138.358 escravos. Nesse ano, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer pertencia a Nova Friburgo e sua população escrava superava a livre. Do total de 4.015 habitantes, 2.167 eram de escravos. Como a maior parte da população era constituída por escravos era natural certa tensão. Há relatórios de presidentes de províncias no século 19 que registram conflitos entre proprietários e escravos nessa freguesia. Visitamos algumas fazendas em Sumidouro. A maior parte delas já não possui a senzala. No entanto, é possível identificar a sua localização por alguns vestígios de ruínas. Algumas fazendas ainda possuem a senzala e instrumentos de castigo dos escravos, mas pedem para não serem identificadas. Nesse momento, percebemos que falar sobre a escravidão é tabu em nossa sociedade. Na antiga freguesia de Nova Friburgo, uma parte dos escravos ficava no porão dos sobrados e não em instalações próprias, as denominadas senzalas. “E aí o nhonhô descia, abria o porão, cá embaixo, no baixo da fazenda, onde elas dormiam. Elas entravam para o porão, ele fechava a porta e ia embora. Elas ficavam trancadas no porão. Quando eram três horas ou três e meia da madrugada, batia o sino, ele descia, abria a porta pra elas saírem para ir trabalhar.” Depoimento recolhido no projeto “Memória social sobre saúde e ambiente: um projeto de pesquisa-ação com agricultores familiares de Sumidouro”, de Eduardo Navarro Stotz.
Maria Maura da Silva nos falou sobre os relatos de seu pai, descendente de escravos. Ela nos revela que as escravas da casa, toda noite, tinham como obrigação procurar baratas nos buracos das paredes dos sobrados, catando-as com espeto de bambu. Catavam as baratas e as colocavam numa cuia. Tinham que apresentar a nhanhá e ao nhonhô a cuia cheia. Enquanto não enchessem a cuia de baratas não poderiam dormir. Na Fazenda dos Wermelinger, descendentes de colonos suíços, algo curioso. Havia ao lado da senzala um corredor estreito que separava a senzala do muro do terreiro de café. Segundo os seus proprietários ali era uma espécie de prisão para os escravos que desobedeciam as ordens do capataz ou praticavam alguma conduta considerada subversiva. Pelo tamanho do terreiro de café percebemos que a fazenda tinha uma grande produção, e consequentemente, muitos escravos. Foi nessa fazenda, de acordo com a memória oral, que ocorreu uma rebelião de escravos culminando com a destruição da casa grande. Não há comprovação documental ainda, apenas relatos passados de geração em geração entre os Wermelinger sobre essa revolta. Nas estradas de Sumidouro pode-se avistar ruínas de antigos terreiros de café. Cobertas por verdejante vegetação, as paredes de pedra ainda guardam a memória de um tempo de prosperidade gerada pelo café e pela mão de obra dos africanos, na condição de escravos. Em Sumidouro, os latifúndios do tempo do Império encontram-se quase todos desmembrados em propriedades menores em razão de partilha feita entre os herdeiros. Já não se pode mais falar em latifúndios na estrutura agrária de Sumidouro como outrora. Em 1879, quando ainda era freguesia de Nova Friburgo, percebemos na relação de grandes fazendeiros da região, no Almanaque Laemert, apenas sobrenomes de descendentes de portugueses, com destaque para as famílias Aquino e Jordão, proprietários de inúmeras fazendas. Ainda não aparecem os nomes dos descendentes de colonos suíços e alemães entre os grandes proprietários. No entanto, em fins do século 19, a família Wermelinger era proprietária de inúmeras fazendas na região. De acordo com os seus descendentes, teriam adquirido fazendas falidas pela crise da mão de obra, com o fim da escravidão. Na Fazenda Bela Vista dos Wermelinger a proprietária coleciona inúmeros artefatos que volta e meia acha escavados na fazenda. Entre os artefatos muitas moedas e cachimbos utilizados por escravos. A mais antiga moeda data de fins de século 18.
Como se resolveu o problema da mão de obra no campo desde o fim da escravidão? Até hoje Sumidouro tem problemas com a falta de mão de obra na lavoura. Com o fim da escravidão adotou-se inicialmente o sistema do colonato. Muitos portugueses e italianos se estabeleceram como colonos nessa região em substituição à mão de obra escrava. Como esses colonos adquiriram posteriormente suas próprias propriedades a única maneira encontrada pelos produtores rurais foi o sistema de arrendamento ou parceria para resolver o problema da falta de mão de obra no campo. A parceria adquiriu relevância nos imóveis rurais de maior tamanho, substituindo a mão-de-obra assalariada permanente. Na forma de contrato de parceria em Sumidouro há casos em que o proprietário fica com 60% e o parceiro 40% não obstante o Estatuto do Trabalhador Rural limitar a cota do proprietário em até 50%.
Até o final da década de 30, do século 20, predominou o café como a principal atividade econômica de Sumidouro até a sua erradicação no início dos anos 50. A intensificação do uso da terra para a olericultura em Sumidouro foi partir de 1970. Olericultura é uma denominação genérica do cultivo de legumes ou hortaliças. São lavouras olerícolas: abobrinha, agrião, alface, batata-doce, beterraba, brócolis, cebolinha, cenoura, chicória, chuchu, couve, couve-flor, jiló, pimentão, repolho, tomate, vagem. Por ser uma atividade realizada durante todo o ano requer uma dedicação de trabalho permanente. Em Sumidouro os agricultores plantam os produtos olerícolas nas “terras frias” durante o ano todo. Os japoneses tiveram um papel inovador em Sumidouro na agricultura ao ensinarem o cultivo de caqui, tomate, pimentão, batata, jiló e repolho ao longo dos anos 1940-1950. Dona Mariana, distrito de Sumidouro, é uma das áreas de maior concentração da comunidade japonesa desde meados do século 20. No Brasil, 35% da população depende da atividade agropecuária. A falência dos grandes proprietários na pecuária por ocasião do Plano Cruzado aprofundou o processo de parcelamento da propriedade da terra com dedicação a olericultura. A olericultura foi estimulada pelo governo do estado para garantir a oferta de produtos agrícolas às regiões metropolitanas. Nova Friburgo, Sumidouro e Teresópolis constituem o denominado Triângulo Verde. A comercialização dos produtos agrícolas é organizada pelo comprador na roça ou encaminhada diretamente pelo proprietário ao CEASA de Nova Friburgo ou ao Rio de Janeiro. Visitei a histórica Fazenda Boaventura em Sumidouro que atualmente se dedica ao plantio de verduras e legumes, de cana forrageira e capim para a pecuária leiteira. O sistema de trabalho é o da parceria como a maioria das fazendas em Sumidouro.
A Igreja Matriz de Sumidouro é uma admirável edificação que data de 1866, auge do período cafeeiro. A sua inauguração antecede em três anos a catedral de Nova Friburgo. Comparando as duas igrejas matrizes, a modéstia do prédio de Nova Friburgo em relação a de Sumidouro denota quão importante era a sua outrora freguesia. O histórico da evolução político-administrativa do município de Sumidouro passa por diversas fases. Em princípios do século 19 o povoado pertencia a Cantagalo. A Igreja Católica, em razão do regime de padroado tinha controle, além de espiritual, de atividades administrativas das povoações. No passado, antes de se tornar município, os povoados passavam por 3 fases: Capela, Curato e Freguesia. Sumidouro inicia sua evolução político-administrativa com a construção de uma capela em 1822, destinada ao culto de Nossa Senhora da Conceição. Em 1836, o pequeno povoado é elevado à condição de Curato com a presença de um Cura, eclesiástico que realizava batismos, casamentos, testamento, entre outras funções administrativas. Por gozar de crescimento populacional, em 1843, o Curato é elevado a categoria de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer e passa a pertencer ao termo de Nova Friburgo. Incorpora o nome Paquequer por ser o nome do rio que irriga as terras da região, de grande importância para a atividade agrícola.
Em 1881, a freguesia do Paquequer fica desmembrada de Nova Friburgo e incorporada ao Carmo. Foi uma significativa perda para Nova Friburgo. Em 1890, a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer é elevada a categoria de município, ganhando autonomia e passa denominar-se Sumidouro. Mas por que Sumidouro? O que significa esse nome? Um acidente geográfico emprestou o seu nome ao município de Sumidouro: o sumidouro das pedras. O sorvedouro das águas do Rio Paquequer, fenômeno muito raro, chamava a atenção da população e de viajantes desde fins do século 18. Em um determinado ponto, o Rio Paquequer desaparecia repentinamente sob um leito de pedras percorrendo um trecho subterrâneo até aparecer novamente 300m à frente, aos borbotões. Esse fenômeno do sumiço ou sumidouro das águas desse rio, com o passar do tempo, passou a denominar a região. Desde os primórdios do povoamento dessa localidade virou área de parada dos tropeiros e de lazer da população. Esse fenômeno não existe mais desde uma enchente na década de 1940.
Existem em Sumidouro, aproximadamente, mais de 40 fazendas com sobrados do Segundo Reinado. Até o momento dois desses sobrados históricos em Sumidouro foram adquiridos e desmontados, pedra por pedra, para serem remontados em fazendas no estado de São Paulo. Um proprietário recebeu a proposta de aquisição de um portão de ferro e de um muro de pedras de um cemitério, do século 19, instalado em sua fazenda. Até mesmo uma escada de um sobrado histórico foi vendida para um colecionador de antiguidades. Nenhum desses sobrados históricos foi tombado nem pelo INEPAC e nem pelo IPHAN. A prefeitura municipal de Sumidouro igualmente não tomou qualquer iniciativa nesse sentido.
Muitos colonos suíços que receberam lotes impróprios para o cultivo na vila de Nova Friburgo emigraram para as terras férteis às margens do Rio Paquequer, que hoje é Sumidouro. Todos eles prosperam e alguns fizeram fortuna. Nessa ocasião, essa região pertencia a Cantagalo. Sumidouro, quando já era um município emancipado, recebeu a presença de colonos portugueses e italianos para substituição da mão de obra escrava. A presença de descendentes de italianos nesse município é bem marcante. Não foi ao acaso que a Lei de Terras, de 1850, teve por objetivo dificultar o acesso à propriedade de uma terra aos ex-escravos e aos colonos. O temor dos latifundiários era de que esses indivíduos tendo acesso à terra, deixariam de trabalhar em suas lavouras. E de fato foi o que aconteceu. Os colonos assim que juntaram algumas economias adquiriam uma área de terras, abandonaram as fazendas e se dedicaram a fabricação de açúcar e de rapadura.
Sumidouro era uma região de ricos produtores de café. O mais notório desses fazendeiros foi José de Aquino Pinheiro, o Barão de Aquino. Nasceu em 07 de março de 1837, na Fazenda do Ribeirão(hoje Duas Barras), que na ocasião pertencia a Cantagalo. O Barão de Aquino era um homem letrado, filho de um visconde e o maior produtor de café da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer. Faleceu em 1921, aos 84 anos de idade, permanecendo monarquista convicto até a sua morte. O rico acervo documental da Fazenda Mônica, que pertencia ao Barão de Aquino, foi transferido para o Arquivo Nacional para o tratamento arquivístico e guarda. Igualmente quem é depositário de um verdadeiro tesouro histórico é o professor de História do Direito da UCAM. Prof. Leonardo Iório, tetraneto do Capitão Manoel Silvestre da Silveira, proprietário da Fazenda do Paredão, localizada na freguesia do Paquequer. O Capitão Silveira faleceu em 1884, com 89 anos de idade. Deixou um diário da Fazenda do Paredão com recomendações de como lidar com os escravos, registro de revoltas e assassinatos dos cativos, relações familiares, registro da presença indígena, rituais maçônicos, entre outros assuntos. Essa rica fonte lança luz sobre muitos aspectos da vida cotidiana dessas fazendas no Segundo Reinado, em Nova Friburgo. A presença indígena deixou sua marca em artefatos de trabalhos como martelo, machadinhas, pontas de flechas, material têxtil e urnas funerárias, continuamente descobertas em propriedades dessa freguesia. Estas peças foram encontradas na localidade de Serra Verde, no sítio de Roque Bertoloto, em Sumidouro. Segundo pesquisa do Instituto dos Arqueólogos do Brasil realizada no local, os vestígios podem ser de aldeias da tradição Una, que remontam a mais de mil anos. Tais tribos ocuparam grutas em Minas Gerais e a serra fluminense.
Enquanto a mão de obra nas fazendas foi escrava a colheita do café nos morros não foi problema. No entanto, com o fim da escravidão e a falta de braços na lavoura a topografia dessa região, quase toda montanhosa, não favoreceu a mecanização. Essa circunstância ocorreu em todo o território fluminense. Em razão disso, o Estado do Rio perdeu a competitividade com outros estados na lavoura do café provocando a falência dos fazendeiros da região. Sumidouro, antiga freguesia de Nova Friburgo, no século 19, revela que Nova Friburgo não foi somente uma região de pequenos proprietários com atividade agrícola voltada para a produção de alimentos. Foi, além disso, um município com significativa produção de café, estrutura agrária baseada no latifúndio e vasto plantel de escravos. As mais de 40 fazendas com sobrados históricos são o testemunho de um passado de prosperidade econômica. As igrejas edificadas em Sumidouro igualmente demonstram a sua importância econômica. Sumidouro possuía o mais belo trecho da linha férrea fluminense: o ramal da Ponte Seca, que passava próximo a Fazenda Santa Mônica, de propriedade do Barão de Aquino. Denomina-se Ponte Seca pois não há um rio abaixo e sim um majestoso vale. Possui nove grandes pilares projetados por engenheiros ingleses da Leopoldina Railway Company. A Ponte Seca foi inaugurada em 1888 e integrava o ramal ferroviário Nova Friburgo-Além Paraíba. A linha férrea deu fôlego econômico a Sumidouro, beneficiando principalmente os produtores de café. Além de carga, transportava igualmente passageiros, estreitando as relações comerciais e sociais entre Sumidouro e Nova Friburgo. De Conselheiro Paulino chegava-se as estações de Sumidouro. A proximidade entre esses dois municípios iria diminuir com o fim do ramal férreo, desativado em 1965, ficando Sumidouro, com o passar dos anos, uma história esquecida de Nova Friburgo.
As fotos antigas fazem parte do acervo PRÓ-MEMÓRIA SUMIDOURO.
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