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Foto do escritorJanaína Botelho

FAZENDA PENEDO: DOS PINHEIRO AOS ARAÚJO



Visitei a Fazenda Penedo em Duas Barras e conheci a simpática família Araújo, proprietários da fazenda. Além da criação de gado destinada a atividade leiteira, os Araújo pretendem tornar essa fazenda um local de lazer. A Fazenda Penedo foi construída em 1881, pela família Pinheiro. A casa-sede, em estilo neoclássico, apresenta na sala de visitas uma decoração mais requintada em relação aos demais cômodos da residência. Há o registro de pratarias e porcelanas trazidas da Europa, comprovando a adoção do estilo de vida europeizado dos primeiros moradores. Na ocasião, a propriedade pertencia a Cantagalo. Dez anos depois, em 8 de maio de 1891, essa região se emanciparia de Cantagalo dando origem ao município de Duas Barras. A Fazenda Penedo era uma típica unidade de produção de café do período do Império. Porém, o fim do trabalho escravo associado a um surto de febre amarela ocorrido em Cantagalo, no final do século 19, teria provocado a falência da família Pinheiro. Em 1922, a fazenda já pertencia ao capitão José Monnerat Junior. Lembrando que os Monnerat são daquela leva de colonos suíços que chegaram a Nova Friburgo, em 1819, habitando um Núcleo Colonial. François Xavier Monnerat veio com a esposa e sete filhos. Era uma família de tradição de agricultores e sem recursos. Em novembro de 1837, dezessete anos após a sua chegada à Vila de Nova Friburgo, já temos registro dos Monnerat adquirindo terras em Cantagalo. Na Fazenda Penedo, na administração de José Monnerat Junior, a produção anual atingia duas mil arrobas de café, além de plantação de cana de açúcar, cereais e criação de gado. Além da produção de café, sua base econômica, plantava-se milho para fazer o fubá, arroz, fabricava-se rapadura e cachaça, cujo excedente era comercializado na localidade. A propriedade com 250 alqueires possuía engenhos de cana e de serra movidos pela força motora hidráulica. Possivelmente devido a perda da visão do capitão José Monnerat a fazenda foi vendida em 1924, a José Araújo de Barros. Era proveniente de Portugal, da Ilha da Madeira. Imigrou como colono pobre juntamente com o irmão para o Brasil no final do século 19, se estabelecendo em Cantagalo. Casou-se com Maria Araújo Faria e tiveram quinze filhos. Quando adquiriu a Fazenda Penedo já tinha cinco outras fazendas. Depois de três décadas estabelecido no Brasil, mais precisamente em Cantagalo, o colono José Araújo de Barros que aqui chegou sem um vintém no bolso, assim como os Monnerat, conseguiu fazer fortuna. A Fazenda Penedo foi transmitida por herança a um de seus filhos, Manoel Araújo de Barros e na sucessão seguinte ao seu neto Roberto de Melo Araújo, proprietário atual e que me recebeu em sua fazenda. Na gestão de Manoel Araújo a fazenda foi gradativamente deixando de plantar café e migrando para a criação de gado leiteiro. Quando José Araújo de Barros adquiriu a Fazenda Penedo dos Monnerat possuía 250 alqueires. Na sucessão, o pai de Roberto ficou 100 alqueires e hoje a Fazenda Penedo possui 44 alqueires. Os Araújo estão investindo para transformar a Fazenda Penedo em “Day Use”, ou seja, as pessoas alugam a propriedade para passar um dia, podendo fazer um churrasco, percorrer trilhas, enfim, vivenciar uma experiência em uma fazenda histórica. Os Araújo são os primeiros a tomar essa iniciativa. Segundo informações do ex-secretário de Cultura, Edson Felipe Machado, em Duas Barras, de um total de 77 fazendas, existem 25 históricas. Vamos torcer para que os proprietários das fazendas do período do Império sigam o exemplo dos Araújo e nos permitam conhecer a história de nossa região.



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