Campo do Coelho, terceiro distrito de Nova Friburgo abrigou vários latifúndios no passado, o que derruba o paradigma de que a estrutura agrária do município era baseada tão somente na pequena propriedade rural. Por estarem as suas terras a 910 metros de altitude, consideradas como terras frias, o café não medrava e plantavam-se principalmente batatas. Além de imprópria para o cultivo do café é igualmente para a criação de gado. Porém, parece que a sua atividade econômica girava em torno da criação de animais de carga, ou seja, de mulas, já que era um lugar de trânsito constante de inúmeras tropas que passavam por esse distrito para descer a serra. Era conhecida como região de “criadouro de carrapato”, numa alusão às propriedades criadoras de mulas. No século 19, Nova Friburgo possuía quatro freguesias e Campo do Coelho pertencia à Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão da Sebastiana. Nessa localidade, o primeiro Barão de Nova Friburgo possuía a Fazenda de São Lourenço e o Rei D. João VI reservou como patrimônio pessoal a Fazenda Córrego D’Anta, dada à importância do local. Foi na Freguesia da Sebastiana que, em 1861, José Antônio Marques Braga, casado com Josephina Salusse Marques Braga, juntamente com o irmão desta, Guilherme Salusse, adquiriu do médico Dimas Ferreira Pedrosa a Fazenda de São Bento.Existem histórias não confirmadas de que essa fazenda foi fundada pelos Jesuítas e a criação de mulas ali existente até a poucos anos atrás se deve a um posto de troca de montarias em um caminho que uniria Minas Gerais ao litoral próximo a Casemiro de Abreu. Com o falecimento do marido em 1864, Josephina casa-se dois anos depois com Galiano Emílio das Neves, de tradicional família mineira ligada a árvore genealógica do ex-presidente Tancredo Neves.O casal, através de dezenove aquisições, mais do que triplicou a Fazenda de São Bento, que atingiu 1.035 alqueires de 27.225 m2, ou seja, aproximadamente, 2.818 hectares. Essa fazenda se dedicava à criação de mulas e gado, bem como ao plantio de batata-inglesa e de milho. Com o falecimento do casal a propriedade se transmite por herança para o filho único, Galiano Emílio das Neves Junior, conhecido como Coronel Chon Chon, político influente em Nova Friburgo. Porém, o Coronel Chon Chon se dedicou mais a outra propriedade da família, a Fazenda da Cachoeira do Amparo, em Amparo, 4º Distrito de Nova Friburgo. Nessa fazenda cultivava café e se dedicava a lavoura branca. Curiosamente trocou a Fazenda de São Bento com o dote de sua mulher, Vitalina Fontes das Neves, que assim se tornou proprietária da mesma, nos informa o seu neto Walther Seng das Neves. Apesar disso, em 1919, ainda realizou duas aquisições de pequenas áreas e a propriedade foi arrendada. Após a morte de Galiano Junior, em 1922, o seu filho José Galiano Fontes das Neves começou a administrar a fazenda, recebendo colonos nacionais, que davam a terça dos produtos plantados. Reformou a casa-sede da fazenda acatando sugestões de Pache, Grote e Hans Garlipp que, segundo relatos, passaram uma temporada na Fazenda de São Bento como refugiados alemães, na Primeira Guerra Mundial. Em 1962, José Galiano passa a administração dessa fazenda para o seu filho Walther José Seng das Neves, atual proprietário, que ainda mantém os arrendatários. Quando ocorreu uma divisão político-administrativa no final do século 19, o município de Nova Friburgo perde duas de suas freguesias, as de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer e a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão da Sebastiana. Consequentemente a Fazenda de São Bento deixa de pertencer a Nova Friburgo e passa à circunscrição do recém-criado município de Sumidouro. Não obstante a Fazenda de São Bento pertencer territorialmente a Sumidouro é difícil desvinculá-la da história de Nova Friburgo, principalmente quando os proprietários são os Galiano das Neves, importantes atores históricos no município.
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