Nascida em 11 de maio de 1902, no Rio de Janeiro, Balduína de Oliveira Sayão, a Bidu Sayão, foi uma das mais célebres cantoras líricas do século vinte. Era bisneta da imigrante Marianne Joseph, colona suíça que veio para Nova Friburgo no princípio do século 19. A sua formação se inicia com aulas de solfejo e impostação de voz e aos 17 anos de idade fez a sua estreia em Roma, com a ópera O Barbeiro de Sevilha, estando Mussolini presente nessa apresentação. A carreira de Bidu Sayão foi completamente tecida no exterior e notadamente nos Estados Unidos. Ao legar as luxuosíssimas indumentárias usadas por ela nas óperas foi para esse país que entregou todo o seu acervo pessoal. Declarou que o Teatro Municipal do Rio de Janeiro não tinha estrutura para manutenção do seu acervo e as roupas se perderiam ou ficariam danificadas. Entre as décadas de 20 e 30, do século vinte, se apresentou no Opera em Paris, Milão, Roma, Buenos Aires e Nova York. Favorita de Heitor Villa Lobos estabeleceram uma parceria artística onde ela cantou, entre outras obras, Floresta do Amazonas e em 1955, numa noite inesquecível no Hollywood Bowl, as Bachianas. Os críticos chamavam-na de O rouxinol do Brasil. A leveza e a pureza do timbre de sua voz faziam dela a intérprete ideal para papéis nas óperas de Rossini, Verdi e Puccini. Dizia-se que possuía um timbre de opalescência leitosa, clareza de dicção e a sua interpretação possuía estilo, requinte, doçura e feminilidade fascinante. Em Rigoletto de Verdi foi Gilda, em La Bohème de Puccini foi Mimi e em 1931, foi convidada pela Opera de Paris para ser Juliete em Romeu de Julieta. Em entrevista Bidu Sayão revelou que detestava fazer papéis de camareiras infelizes, sofredoras e de meninotas apaixonadas e frágeis. Sua vida amorosa igualmente estivera ligada ao palco. Casou-se pela primeira vez com Walter Mocchi, empresário do ramo de espetáculos e na segunda com o famoso barítono Giuseppe Danise. Em ambos os matrimônios não teve filhos. De família classe alta, aliado a dois casamentos com homens ricos, Bidu Sayão cultivava hábitos caros como joias e casacos de pele da alta costura. Passava a maior parte do tempo em seu luxuoso apartamento na Broadway. No verão, ficava em sua residência em Lincolnville, no Maine, na fronteira entre os USA e o Canadá onde tinha nessa propriedade uma praia particular e jardins esplendidos. Para se ter uma ideia da importância dessa cantora lírica há um quadro a óleo de Bidu Sayão no Metropolitan Opera House, em Nova York, na galeria dos grandes nomes de cantores de ópera. Integrou o casting do Metropolitan no período de 1937 a 1952. Aos 55 anos de idade Bidu Sayão encerra a sua carreira, retirando-se dos palcos em pleno auge. Quando deixou de cantar declarou que finalmente conseguira a sua alforria para poder fumar e tomar os seus coquetéis. O Metropolitan Opera House fez-lhe uma homenagem comemorando os cinquenta anos de sua estreia naquele teatro. Sua última vinda ao Brasil foi em 1995, para desfilar na escola de samba Beija-Flor que igualmente lhe prestou uma homenagem com o enredo “Bidu Sayão e o canto de cristal”. Desfilou na avenida aos 93 anos de idade no carro alegórico Cisne Negro. No entanto, Bidu Sayão teve um fim solitário marcado por sucessivos acontecimentos. Depois da perda do marido em 1963, três anos depois falece a sua mãe, entrando em profunda depressão. Sobreviveu a dois acidentes vasculares celebrais e faleceu de complicações de uma pneumonia em 13 de março de 1999, aos 96 anos de idade, nos EUA. Bidu Sayão visitava Nova Friburgo quando vinha ao Brasil, se hospedando na casa da família. Porém, como construiu a sua carreira profissional ainda muito jovem no exterior, perdeu a afinidade com a sua terra natal.
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