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Foto do escritorJanaína Botelho

IMIGRAÇÃO JAPONESA EM NOVA FRIBURGO




Conforme o historiador Marcionilo Carlos Neto em sua obra “A Imigração Japonesa no Estado do Rio de Janeiro”, os japoneses se dirigiram para o estado fluminense na década de 30, do século vinte, vindos do Estado de São Paulo. Na região serrana, os imigrantes nipônicos se estabeleceram em Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Cordeiro e Cantagalo. Um pouco antes dessa imigração, na década de 1920, chega à Nova Friburgo o primeiro imigrante japonês Tohoru Kassuga em busca de terras em clima temperado. Na chácara do Tingly, Kassuga inicia a plantação de árvores frutíferas de caqui. Originário da China, essa fruta se tornou muito popular no Japão. Trazido pelos imigrantes japoneses, o caqui se adaptou muito bem nas regiões mais frias do Brasil. No entanto, eclode a Segunda Guerra Mundial e o sentimento antinipônico se manifesta. O Brasil e o Japão rompem relações diplomáticas prejudicando a situação dos imigrantes japoneses. As sanções aplicadas pelo governo brasileiro, a exemplo de confiscar os bens das famílias nipônicas acarreta o deslocamento interno de japoneses pelo país. No Rio de Janeiro, os jornais incitavam a animosidade contra os japoneses. Embora o clima pós-guerra não fosse tranquilo houve o reinício da imigração japonesa a partir da década de 1950. São famílias que imigraram para Nova Friburgo bem como seus descendentes, Tohoru Kassuga, Hiroshi Higuchi, Hideo Kato, Tunney Kassuga, Kenji Abe, Yoshiyuki Ban, Yasutaka Deguchi, Sadao Fuchigami, Nagamitsu Fujimaki, Hajime Fukuoka, Takuma Hashimoto, Hajime Inoue, Koh Inoue, Nelson Yukio Inoue, Itsuji Itoh, Paulo Kawakami, Kiyoshi Kawamura, Heiji Kikuchi, Masayoshi Matsumoto, Jun-Ichi Matsura, Toshiharu Matsuoka, Takeo Miura, Hisayoshi Miyamoto, Makoto Miyatake, Sohei Nagai, Masayoshi Nagao, Namizo Nakahara, Hisayoshi Nobata, Kaoru Odawara, Kogorô Ohta, Akira Ôki, Shigeru Ôki, Toshiharu Ôki, Tamotsu Shiratô, Tadashi Takisawa, kin-Ichi Tanizaki, Geizô Yoshimura, Rinji Haga, Jotaro Kashaio, Hideichi Hayanishi, Masao Murakami, Matsuo Murakami, Kazuhiko Zama, Nobukazu Abe, Osamu Abe, Shigemasa Amano, Koichi Furuya, Shokichi Horie, Cecil Ito, Sueo Ito, Yoshihiko, Asayo Kitami, Kinji Kunigami, Mototeru Kokuga Kunigami, Matao Shimizu Mitsunaga, Hisakichi Nakashima, Konosuke Noguchi, Hiroshi Okazaki, Eitaro Watanabe, Jun Watanabe, Rikei Yamaguchi, Takanosuke Yamaguchi, Kinzo Suzuki. Em Nova Friburgo entrevistei Hiroshi Higuchi plantador de caqui em sua propriedade no Córrego Dantas. Higuchi chegou ao Brasil em 15 de agosto de 1963 e inicialmente foi para o município de Dourados, no Estado do Paraná. No entanto, optou por residir em Nova Friburgo já que tinha conhecimento de que havia uma colônia de conterrâneos no município. Começou a trabalhar como meeiro em uma plantação de rosas em Conselheiro Paulino. Higuchi nos informa que o governo japonês incentivava a emigração para o Brasil, subsidiando a aquisição de terras e dando todo o suporte material para que deixassem o país. Segundo ele, o Japão passava por uma crise financeira e com excesso de população. Durante um ano recebeu uma pensão do governo para a sua manutenção. O governo japonês igualmente financiou uma parte do valor do sítio que adquiriu. Mesmo com todos esses incentivos, alguns japoneses que imigraram com ele retornaram ao Japão. Casou-se com a compatriota Satimi Minato que veio para o Brasil em agosto de 1961. Hiroshi Higuchi cultiva atualmente diversos tipos de caqui como o mikado, ramaroute, guiombo, fuiou e costata. Trouxe mudas de caqui do Japão clandestinamente, admite. Inicia uma experiência inédita produzindo caquis desidratados. Os japoneses têm a tradição desidratar o caqui, que denominam de hoshigaki, para que a fruta possa ser consumida durante o ano inteiro. No Japão é um verdadeiro mimo ganhar uma caixa desses caquis desidratados porque são muito caros. No Campo do Coelho, terceiro distrito de Nova Friburgo, a lavoura de tomate e de outros legumes era rasteira, com muita perda em razão do contato com o solo que deixa os produtos mais vulneráveis às pragas. Os japoneses nessa região ensinaram os agricultores brasileiros a usarem estacas verticalizando a planta e com isso ganharam em produtividade. Igualmente instruíram na preparação de estufas revolucionando o modo de plantio entre os agricultores. Os japoneses e seus descendentes mantêm suas tradições através de eventos que realizam em sua sede, no distrito do Campo do Coelho. Igualmente faz parte do calendário de Nova Friburgo a festa das cerejeiras promovida pela comunidade nipônica.




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