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Foto do escritorJanaína Botelho

HANAMI, A FESTA DA CEREJEIRA



Na década de 1920, chega à Nova Friburgo o primeiro imigrante japonês Tohoru Kassuga em busca de terras em clima temperado. Na chácara do Tingly, Kassuga inicia a plantação de caqui, fruta essa muito consumida no Japão. No Campo do Coelho, terceiro distrito de Nova Friburgo, no passado, a lavoura de tomate e de outros legumes era rasteira, com muita perda em razão do contato direto com o solo que deixa o alimento mais vulnerável às pragas. Se instalando nessa região, os japoneses ensinaram os agricultores locais a usarem estacas verticalizando a planta e com isso ganharam em produtividade. Igualmente introduziram as estufas, outra técnica da agricultura que ignoravam. No distrito do Campo do Coelho, os japoneses e seus descendentes mantêm suas tradições através de eventos que realizam em sua sede, com música, danças e a gastronomia típica japonesa. Uma forma de sociabilidade em que pode participar qualquer pessoa ainda que não pertença ao grupo.


Já faz parte do calendário de Nova Friburgo a majestosa festa das cerejeiras, o Hanami,promovida pela comunidade nipônica no mês de julho. A flor de laranjeira é símbolo da primavera no Japão. Hanami é como se denomina um costume tradicional japonês de contemplar ou apreciar a beleza das flores de cerejeira ou sakura, como é chamada naquele país. Várias espécies de cerejeiras florescem por todo o Japão geralmente em parques, templos e em outros espaços de sociabilidade. Em razão disso, as pessoas se reúnem nos parques com a família e amigos quando as cerejeiras começam a florescer. O povo japonês cultiva a tradição do Hanami reunindo-se aonde quer que as árvores florescendo sejam encontradas. A prática do Hanami existe há milênios. O costume foi originalmente limitado à elite da Corte Imperial, mas logo foi adotado pelas classes populares.


Sob as árvores de sakura, as pessoas comiam e bebiam em alegres celebrações. A contemplação das flores de cerejeira tinha um simbolismo religioso. As pessoas acreditavam na existência de deuses dentro das árvores de sakura e faziam oferendas na raiz delas para pedir sorte e boas colheitas. O sakura também foi considerado símbolo do amor onde as moças enfeitavam os cabelos com seu galho ou decoravam o quintal de suas casas com as flores para mostrar que estavam em busca de um amor. Na maior parte das grandes cidades como Tóquio, Quioto e Osaka, a época do florescer da cerejeira normalmente ocorre por volta do fim de março a meados de abril ou maio, dependendo da região. O momento em que as flores de cerejeira florescem é muito especial para o japonês, pois elas duram apenas de uma semana a dez dias. Por isso, durante o Hanami, os japoneses chegam de manhã e costumam ficar até o anoitecer a fim de aproveitar ao máximo a beleza das flores, pois logo elas cairão das árvores. Existem mais de 100 espécies de sakura no Japão que variam de acordo com a cor das flores, folhas e tempo de floração.


O Festival Hanami com o tradicional piquenique sob as árvores repletas de flores de cerejeira igualmente é um momento de saborear os pratos típicos como o oniguiri, sushi, dango e o bentô, levados de casa, além de bebidas que vão desde chás a bebidas alcoólicas como cerveja e o saquê. O provérbio japonês "bolinhos em vez de flores” é uma ironia às pessoas que preferem comer e beber ao invés de admirar as flores. Existem vários significados para o Hanami e o mais poético é o simbolismo da flor representando a brevidade da vida, devido à sua efemeridade. Poemas sobre as cerejeiras e as relacionando como uma metáfora para a própria vida, delicada e bela, embora efêmera e transitória, cuja floração dura apenas de dez dias, compara a flor com a brevidade da nossa existência. Por esse motivo, a flor de cerejeira ganhou um lugar especial na cultura japonesa onde é retratada no artesanato, no origami, em pinturas, nas gravuras, nas estampas de seda dos quimonos, em moedas e até mesmo em insígnias militares. Em Nova Friburgo, a Festa da Cerejeira é promovida no mês de julho no Sítio Matsuoka, em Florândia da Serra, Conquista, terceiro distrito. São realizadas apresentações de dança tradicional japonesa como o Yosakoi Soran e o Bon-Odori, além de serem vendidos os tradicionais yakisoba, sushi, sashimi e tempurá.



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