O bairro do Cônego pertence ao primeiro distrito de Nova Friburgo. Em um passado remoto era denominado de Fazenda do Cônego, propriedade que pertencia a Antônio Clemente Pinto, o Barão de Nova Friburgo. Até a década de 1830, após a subida da Serra da Boa Vista, a entrada em Nova Friburgo era feita pela Fazenda do Cônego. Há quem afirme que tem esse nome pelo fato de um cônego, amigo do barão, ter se hospedado em sua propriedade por muitos anos. Mas não há comprovação. Na Fundação D. João VI existem duas telas pintadas pelo artista italiano Elviro Martignoni retratando a Fazenda do Cônego. Essas telas ficavam expostas na sala de jantar do solar do Barão de Nova Friburgo, no centro da cidade. A Fazenda do Cônego possuía uma área de terras aproximada de mil e duzentos alqueires, sendo parte cultivada e parte em mata e capoeira. Havia uma casa de vivenda, um moinho, duas senzalas com uma enfermaria em uma delas e uma cozinha para os escravos. As outras benfeitorias consistiam em uma casa para os empregados, rancho, galinheiro, pombal, estrebaria, ceva e viveiro para pássaros. Parece-nos ter sido sua atividade econômica voltada para a construção civil, pois havia uma olaria com forno, estufa, engenhos movidos por água para serrar, máquinas para aplainar, para fabricar tijolos e tubos, para purificar e amassar o barro, para prensar ladrilhos, para tornear ferro e madeira, além de outros engenhos, entendendo-se a palavra engenho como máquina. Havia trilhos da estrada de ferro. Um carro partia da Fazenda do Cônego até a Vila de Nova Friburgo possivelmente para transportar o material de construção fabricado na propriedade. O bairro de Olaria deve o seu nome a atividade de fabricação de telhas, tijolos e canos em cerâmica na Fazenda do Cônego. Albert Henschel, fotógrafo da Casa Imperial fez imagens dessa propriedade a pedido do Imperador D. Pedro II quando esteve em Nova Friburgo, no final do século dezenove. O bairro do Cônego é banhado pelo rio de mesmo nome. Assim como o Rio Santo Antônio, o Rio Cônego nasce no maciço do Caledônia. O encontro de suas águas em frente a igreja Luterana forma o Rio Bengalas. A Fazenda do Cônego era local de passagem de tropas de mulas. Na primeira metade do século vinte, os agricultores das Terras Trias, como era conhecido o distrito do Campo do Coelho comercializavam no centro de Nova Friburgo os produtos de sua lavoura. Havia alguns caminhos pelo qual passavam as tropas. Uma dessas rotas passava pela localidade de Cardinot e atravessava a Várzea Grande, na Fazenda do Cônego, até alcançar o centro da cidade. Na sucessão hereditária a fazenda do barão é desmembrada em diversos sítios. No centro da Praça do Cônego há o busto do lavrador José Pires Barroso, proprietário de um desses sítios. Desde a Várzea Grande até a Grota Funda possuía uma imensa propriedade rural. O velho Barroso, como era conhecido plantava chuchu, abóbora, inhame, batata doce, frutas, hortaliças e se dedicava a apicultura e a criação de carpas. Destacou-se igualmente na década de 1950, no cultivo de flores, replantio florestal de eucaliptos e foi pioneiro na plantação de trigo. Nesse bairro ainda existe uma área com extensa plantação de flores de corte, mas não pertence a família Barroso. A família Cunha foi também um dos mais importantes produtores rurais nessa região. Até a metade do século vinte a maior parte da população de Nova Friburgo vivia na área rural. Paulatinamente, os sítios da Fazenda do Cônego foram dando lugar a ruas e a outros logradouros públicos, os charcos sendo aterrados e iniciando-se a construção de residências. Denominado de arraial na década de cinquenta, a Fazenda do Cônego possuía uma população exclusivamente operária que trabalhava na Fábrica de Rendas Arp. Curiosamente, as modestas habitações foram dando lugar a belíssimas residências de veranistas cariocas e niteroienses que escolheram o Cônego para passar a temporada de férias. No entanto, atualmente isso não ocorre, se tornando um bairro das classes média e alta friburguense. As denominações de alguns locais foram alteradas. De Fazenda do Cônego passa a ser chamado apenas de Cônego. Várzea Grande é hoje conhecida como Vargem Grande. A grande quantidade de restaurantes coloca o bairro como o que melhor representa a gastronomia da cidade. Os seus edifícios com gabarito baixo acompanham de forma harmoniosa a característica bucólica do bairro. A cada momento nos deparamos com belíssimas residências antigas que nos remete a lembrança da paisagem rural da outrora Fazenda do Cônego.
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